UNIDADE EM DIVERSIDADE VS. “POLITICAMENTE CORRETO”

O “politicamente correto” ilusoriamente cria um código para vivermos em unidade, mas que, na prática, só promove uniformidade.

Há pouco tempo atrás, participei de uma aula sobre ética em gestão de projetos, durante a faculdade de Administração, e o professor propôs uma discussão em grupos, enquanto ensinava sobre o código de ética que o PMBok (um guia para gestores de projetos) propõe.

Ao me reunir com o meu grupo, me engalfinhei em uma discussão sobre ética. Eu estava afirmando categoricamente que a ética é situacional e não absoluta, e todos no grupo discordavam de mim. Comecei a citar exemplos de culturas onde atrocidades são aceitas e por vezes até honradas. No fim da conversa, todos do grupo concordaram e perguntaram no que eu acreditava.

Acredito que no nosso tempo a verdade é plural, os absolutos ficaram na modernidade. Na verdade, o excesso de racionalismo da modernidade nos conduziu a relativização dos absolutos. Não existe verdade fixa, a verdade é relativa ao contexto social e cultural.

Neste ambiente nasce o conceito de “politicamente correto”. Surge da pluralidade da verdade, que destruiu a razão e inviabilizou qualquer comentário neutro. Ou seja, por termos várias verdades, nenhuma delas pode ser absoluta, assim, não podemos defender um ponto de vista de maneira neutra. Todos eles são vistos de forma passional e, por isso, somos obrigados a aceitar qualquer ponto de vista, mesmo que contrarie a lógica.

Não creio no “politicamente correto” pelo simples fato de que ele promove uniformidade e não unidade. Todos temos que concordar com algum aspecto social pertinente e enfatizado pela cultura atual. E aqueles que não concordam não são bem vistos. O “politicamente correto” acaba sendo taxativo e muitas vezes, agressivo. Superlativando aspectos situacionais e dando a eles a mesma importância que os ensinos da Palavra.

Eu acredito na unidade. A unidade existe mesmo quando há discordância de aspectos secundários e envolve tolerância e amor. Já a uniformidade é um regime onde todos tem que concordar, e quando há discordância, aquele que discorda é taxado e normalmente sofre alguma penalidade. A Trindade eternamente vive em unidade. A ortodoxia afirma que são três pessoas distintas, sempre unidas sem possibilidade de separação. Este modelo viabiliza viver em comunidade com pessoas que pensam diferente umas das outras.

Quando Jesus, no Getsêmani, estava em extremo sofrimento, sua fala ao Pai mostra esse aspecto: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42).

A trindade são três pessoas distintas uma da outra. Cada uma possui uma consciência própria, portanto, uma vontade própria. Assim, o Pai tem uma vontade, o Filho tem uma vontade e o E.S. tem uma vontade. Ao mesmo tempo, eles são um só Deus. Logo, são três pessoas, três vontades, mas uma única vontade de Deus.  

Unidade existe apesar de termos opiniões diferentes. Respeitar as opiniões dos outros, vivendo em harmonia e com uma só mente, caracteriza este aspecto do ser divino que nós podemos replicar.

Imagine essa realidade em nossa sociedade, nossas igrejas e famílias. É impossível, por exemplo, ver isso à luz das últimas eleições. Não estou propondo abrir mão de qualquer absoluto da Palavra, muito pelo contrário. Estou propondo viver somente pelos absolutos de Deus enquanto temos comunhão com irmãos que pensam diferente em questões secundárias.

Estamos longe de replicar um Deus unido em diversidade como sociedade, e caímos no engodo de acreditar que o “politicamente correto” auxilia nisso, quando ele dificulta.

Jesus viabiliza isso, como vimos no texto acima, colocando a sua vontade debaixo da vontade do Pai, por livre escolha. Age por amor e não preserva sua opinião ou vontade. A Trindade viabiliza um modelo replicável para que a sociedade, a igreja universal, as igrejas locais e as famílias experimentem a unidade.

A característica da semana para aquele que adota uma cosmovisão trinitária é:

Busca a unidade e a harmonia, ao invés de gerar discórdia e divisão. Unidade em diversidade, ao invés do ilusório amor proposto pelo “politicamente correto”.